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Mostrando postagens de outubro, 2014

Meio Crônica: A Miséria das Relações.

Recentemente estava conversando com uma amiga sobre literatura. Decidi então contar a ela o que eu senti ao ler os livros do Realismo e o sentimento foi algo que ela confirmou: nada é verdadeiro, tudo é de mentira. Essa é a sensação que se tem quando se lê livros do Realismo que honrem com a escola literária: desolação, uma sensação de que nenhuma relação social é verdadeira, ela é fruto de um interesse. A tese machadiana das duas almas ainda reforça a falsidade das pessoas. Além de você não confiar nas pessoas, você passa a encará-las como um lado, como se fossem um Janos, da mitologia romana. A cereja do bolo fica por conta do Naturalismo que nos coloca sobre um entendimento determinista e demonstra a teoria muito bem embasada de que na realidade nós somos animais, porém nos comportamos por um período de tempo mais longo do que aqueles que são selvagens. É desconstruir rapidamente um entendimento que estava impregnado de romantismo do Romantismo. Apenas um livro do Rom

Resenha: A Era do Capital, de Eric Hobsbawm

A era do capital é o segundo volume da aclamada trilogia do historiador britânico Eric Hobsbawm, tendo ainda o livro Era dos Extremos sobre o século XX. Não é o primeiro livro do Hobsbawm que leio, portanto, não se trata aqui de um primeiro contato. Uma característica que é notável em todos os livros que li e acredito que seja algo inerente à sua forma de narrar os fatos é o escopo. Hobsbawm consegue fazer com primazia aquilo que é totalmente pertencente à história e que é o dever de todo bom estudante de humanas: a capacidade de relacionar. O autor estabelece linhas diretas e verídicas entre fatos que acontecem na Europa e que ecoam no resto do mundo. Essa capacidade de escopo parece se tornar mais afiada a cada volume da trilogia, o que não quer dizer que em determinado livro ele se torna mais ou menos crítico. Tentando fugir um pouco dos elogios (que alguns teimam dizer em demasia) atribuídos a esse autor (com toda a razão, em minha opinião), ele ainda não “peca” em ideolog

Quem é Madame Bovary?

O livro Madame Bovary foi publicado na França no ano de 1856. Em meio a uma sociedade altamente tradicional e aristocrática (mas já com uma longa experiência revolucionária), causou indignação pela análise profunda e verídica dos sentimentos humanos feita pelo seu autor, Gustave Flaubert. Um fato curioso sobre a obra é que Gustave Flaubert foi a julgamento por crime contra a moral. Durante a apuração do caso, o advogado da acusação lhe perguntou “Mas Sr. Flaubert, quem é Madame Bovary?” e todos pasmaram diante da resposta “Eu sou Madame Bovary”. A verdade é que todos nós somos Bovarys. Em primeiro lugar, somo como Madame Bovary na aparência, não necessariamente calmos, mas possuímos uma aparência responsável pela nossa imagem sociável e também, como Bovary, possuímos os nossos desejos, os mesmo “torpes” (as aspas fazem respeito a moral e aos bons costumes) e insaciáveis. Bovary era acima de tudo humana. Uma mulher do campo, cheia de desejos e conceitos idealizados. Seu son