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Um fato curioso sobre a obra é que Gustave Flaubert foi a
julgamento por crime contra a moral. Durante a apuração do caso, o advogado da
acusação lhe perguntou “Mas Sr. Flaubert, quem é Madame Bovary?” e todos
pasmaram diante da resposta “Eu sou Madame Bovary”.
A verdade é que todos nós somos Bovarys. Em primeiro lugar,
somo como Madame Bovary na aparência, não necessariamente calmos, mas possuímos
uma aparência responsável pela nossa imagem sociável e também, como Bovary,
possuímos os nossos desejos, os mesmo “torpes” (as aspas fazem respeito a moral
e aos bons costumes) e insaciáveis.
Bovary era acima de tudo humana. Uma mulher do campo, cheia
de desejos e conceitos idealizados. Seu sonho, fazer um bom casamento configura
a vontade geral da sociedade da época. Mas como é digno dos seres da raça
humana, uma vez provando a liberdade não economiza esforços em alcançá-la por
completo. Casa-se, tem uma filha, mas lhe era preciso mais emoções do que a
simples posição de mãe e esposa poderia dar.
Bovary então amou com intensidade e ainda por cima confiou o
seu extremado (e incontrolável) amor a homens que não lhe votavam o mínimo
sentimento, mas puro desejo, como o autor mostra de forma impactante no fim do
livro.
A personagem de Flaubert é instável. Se alterna entre zelos
intencionados ao marido e discrição nos seus encontros, mas a prova máxima da
instabilidade da personagem se dá no seu ato final, quando é incapaz de se
manter dentro de si mesma e encontra uma forma eterna (e heróica) de se livrar
da vergonha pública e das dívidas.
Bovary não é um caso isolado. Representa um momento de
ruptura com o tradicional, onde a mulher passa a ser vista como um ser de
sentimentos, de desejos, sendo eles torpes ou não, mas que por serem desejos, merecem
ser ansiados. É a partir da obra de Flaubert que a sociedade inicia um processo
que se prolonga até hoje, onde o papel da mulher como aparato tradicional é
questionado de forma crítica.
De uma forma geral, Bovary é a mulher mais romântica do
movimento realista mundial. A personagem mantém todas as características
romanescas, porém agora ela é real e representava realmente a condição das
mulheres.
A personagem não pode ser culpada. Não pode ser julgada por
ter tido sentimentos e por ter feito uma coisa que era extremamente proibido as
mulheres da época fazer, expressá-los.
Corrigindo conforme a minha opinião: “Quem é Madame
Bovary?”. “A humanidade é Madame Bovary”.
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