Há alguns meses atrás, escrevi um post sobre um dos meus
autores preferidos na temática da história, Eric J. Hobsbawm. Como disse no
próprio artigo, o qual eu mesmo avaliei como mal escrito, Eric Hobsbawm nunca
seria um post acabado, mas sempre em construção.
Quando se admira um determinado autor e quando se sabe os
seus prós e contras, ao escrever um post sobre ele, corremos o risco de nos
tornarmos imparciais, ideólogos e por vezes citando fatos e fazendo análises
que não serão de todo construtiva para o leitor do Blog.
Deixando de lado a parte biográfica (a mesma exposta no
antigo post) e entrando em um clima de pré-resenha do livro Era dos Extremos,
pela primeira vez decidi falar sobre a escrita e a ideologia de Eric Hobsbawm.
Frequentemente ouvimos um termo associado à Hobsbawm,
Marxismo. Hobsbawm era marxista assumido e foi por muito tempo militante do
Partido Comunista, porém, a palavra é usada positiva e negativamente em relação
ao autor. Muitos o zeram nas leituras por conta da denominação, porém, a
maioria dos “críticos” que o discriminam descaradamente nunca passou da capa
dos seus livros ou ignoram a sua análise por questões ideológicas.
É inegável que em sua obra, sobretudo em Era dos Extremos,
Hobsbawm dedicou certa ênfase à União Soviética e a Revolução de Outubro.
Focou-se com bravura na análise dos últimos anos da URSS e na política e
economia da China comunista, porém, nunca negou o desastroso governo de Stálin
e as suas conseqüências para URSS, nem as desvairadas investidas e desastrosas
políticas de Mao, na China. Mas como não fazer uma análise focada e rica (assim
como o fez com os E.U.A e com o ocidente
capitalista) na União Soviética, se a mesma é um dos pólos de um mundo na época
bipolarizado? A questão não é mais ideológica, a questão é lógica. Não analisar
a Rússia (e pender para ideologia como bom entendedor) seria como analisar um
mundo em desenvolvimento e esquecer-se de metade do que ele foi ao passado.
Hobsbawm soube avaliar os fatos da história em todos os
sentidos e em todo o poder de alcance e influência de cada um, avaliou em
termos de política, economia e arte eventos que poderiam ser analisados somente
em uma esfera, porém perdendo a análise completa.
Os que o criticaram negativamente, só podem ser levados a
sério se em algum momento da crítica reconhecerem a importância de Eric
Hobsbawm como um dos maiores sistematizadores da história, talvez o maior da
história contemporânea, os que não o consideram, não passam de meros pensadores
de uma direita alienada a incubada de manter o pensamento anticomunista e
desviar a leitura de qualquer material que possa fazer um contraponto lógico
entre os dois regimes e favorecer os ideais marxistas.
Ressalto que foram poucos os autores no âmbito da história
contemporânea que nunca “pecaram” na ideologia presente em suas obras, assim
como o é, muitas vezes, na literatura. O argumento sempre usado contra Hobsbawm
é a sua declaração acerca do regime de Stálin, é inegável que a declaração é
errônea e inaceitável, porém, Hobsbawm, diferente dos muitos direitistas que
vivem uma idéia nos congressos, senados e parlamentos e na mídia são adeptos de
outra i
déia totalmente diferente somente com o intuito de enganar, preferiu se
posicionar publicamente sobre um tema muito controverso, demonstrando coragem e
sinceridade. E coragem e sinceridade em algo que parece faltar aos seus colegas
de direita.
Hobsbawm foi um dos mais contundentes autores da história e
um dos mais importantes intelectuais de todos os tempos.
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