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Nessa que foi uma das suas consagrações, Eric Hobsbawm nos
apresenta o Breve Século XX, com a máxima histórica (e vantagem), de ser
escrito por um indivíduo que viveu o mesmo. Eric Hobsbawm detalha os fatos mais
importantes, personagens consagrados, teorias econômicas e políticas
divergentes de uma forma escopa, com riqueza de análise e profundidade nas suas
teorias.
Os fatos são analisados a partir da Revolução Bolchevique de
1917 e se encerra com o fim da União Soviética, em 1991.
As análises dos fatos são feitas em várias frentes, são
analisados não somente de forma política, mas também econômica e os impactos
produzidos na sociedade, dando a obra todos os conceitos fundamentais da
história.
Muitas análises são requintadas por notas de rodapé do
próprio autor nos contando da sua vida pessoal no determinado momento em ocorria
o fato. No primeiro capítulo, Hobsbawm nos apresenta uma cena do seu cotidiano
associado a um fato histórico importante: “Para
este autor, o dia 30 de janeiro de 1933 não é simplesmente a data, à parte isso
arbitrária, em que Hitler se tornou chanceler da Alemanha, mas também uma tarde
de inverno em Berlim, quando um jovem de quinze anos e sua irmã mais nova
voltavam para casa, em Halensee, de suas escolas vizinhas em Wilmersdorf, e em
algum ponto do trajeto viram a manchete. Ainda posso vê-la como num sonho.”
. A obra não nos proporciona somente conhecimento, mas também emoção.
Diferente do que muitos críticos direitistas costumam
afirmar sobre Hobsbawm e principalmente sobre essa obra, é a sua inclinação
ideológica (marxista) forte, presente na obra. Em parte estão certos, em outra
errados: Hobsbawm condena as conseqüências do Stalinismo para a União soviética
e os esforços errôneos e as tentativas precipitadas e fracassadas de Mao, na
China, mas é inegável que narra, em poucas vezes, determinados fatos sempre ligando-os
à União Soviética, o que tecnicamente, não é um erro que compromete o
entendimento.
Quanto à escrita, como disse, nos proporciona em
determinados momentos (quando convém), risadas (para os entendedores de
sarcasmo intelectual) e momentos que vão de descontração, como nos excelentes
capítulos “Artes” e de atenção, como em “Contra o inimigo Comum”, “Socialismo
Real” e “Fim do Socialismo”.
Não é fácil sistematizar um século inteiro de fatos,
portanto o autor organizou a obra em três partes: “Parte um: A Era da
Catástrofe”, “Parte dois: A Era de Ouro” e “Parte três: O Desmoronamento”, nos
trás ainda, no final do primeiro e do segundo, ricas análises da situação das
artes e no final do último, uma análise das ciências.
No final do livro, nos presenteia com um importante índice
remissivo, no qual apresenta os melhores e mais importantes livros para
aprofundamento no tema e livros oficiais de estatísticas globais.
Eric Hobsbawn soube de todas as formas e contextos analisar
aquele que foi o século mais breve e destruidor de todos os tempos.
“Não sabemos
para onde estamos indo. Só sabemos que a história nos trouxe até este ponto e -se
os leitores partilhem da tese deste livro- por quê. Contudo, uma coisa é clara.
Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo
prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro
milênio nessa base, vamos fracassar. E o preço do fracasso, ou seja, a
alternativa para uma mudança na sociedade, é a escuridão.”
Era dos Extremos, O Breve Século
XX, Eric Hobsbawm.
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