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Resenha: O Tempo E O Vento, de Erico Verissimo.

Oi, pessoal!

Bom, eu demorei para terminar de ler o livro O Tempo E O Vento, de Erico Verissimo, mas eu consegui terminar, aliás, terminei ontem e estou aqui para fazer a resenha.

Acho que fazer a resenha desse livro vai ser um desafio, tanto para o Blog, quanto para mim. O livro é quase inexplicável e só para esclarecer, eu li o Continente I, mas mesmo assim, é um livro complexo, um livro que retrata várias gerações, em diferentes momentos históricos do Rio Grande do Sul, mas que nem por isso, usa uma linguagem igualmente complexa, bem pelo contrário, Erico usa uma linguagem muito leve e de fácil entendimento (para qualquer pessoa que tenha um grau de leitura, é claro), o que torna o livro agradável e como eu fiquei um bom tempo com ele, quando devolvi na biblioteca, ficou um sentimento de depressão pós-leitura, enfim, um livro encantador.

Como eu havia dito, ele retrata várias gerações de uma família, que se une a outra e a outra, formando uma árvore genealógica, dessa forma, ficaria extenso retratar aqui uma pequena parte de tudo, mas vamos lá.

Tudo começa com a história da grande Ana Terra, que eu já fiz resenha aqui, portanto leia ela e depois volte nesse post (para ter uma melhor compreensão). Já na Serra, Ana passa a morar nos aldeamentos do Cel. Ricardo Amaral e é lá que Ana lança as suas sementes, seu filho Pedro Terra. O mesmo constitui uma família, a qual já freqüenta a cidadela de Santa Fé, palco da grande comédia de Erico. Sua filha Bibiana Terra é, na minha opinião, a grande heroína, ela se casa com o Capitão Rodrigo Cambará e passa então a sofrer com um casamento. Já fiz post para o Capitão Rodrigo, leia aqui. Fatos acontecem, brigas, intrigas reviravoltas e Bibiana fica velha, a cidade cresce, os outros morrem, mas a velha Bibiana Terra continua, com os ditados de sua avó e com os costumes antigos.

Fato é que mais para frente do livro, Bibiana se revela uma pessoa muito inteligente, para vocês terem uma noção, ela quase ganhou da Senhora, de José de Alencar (quem acompanha o Blog sabe o que isso quer dizer), Bibiana dá um golpe num dos maiores senhores de santa Fé, toma a maior mansão da cidade (nessa altura santa Fé já era cidade), se apodera de uma fortuna e o mais engraçado, sem ninguém saber, somente seu velho amigo Dr. Winter e sem ninguém perceber. Toda essa tomada tem seus motivos e para saber vocês vão ter que ler. Só digo uma coisa, os motivos tinham fundamento.

A cidade cresce, pessoas vêm, pessoas vão, guerras começam e terminam, mas lá está a velha Bibiana. É sensacional ver o temperamento forte dela e ver que esse mesmo temperamento forte continua depois de anos, só que de uma forma mais irônica.

Vocês devem ter notado a ênfase que eu dei a esse personagem, fiz isso, porque no meu entender, toda a história a partir de dado momento, girou em torno desse personagem.
Quanto a estrutura do livro, que é também bem complexo, dividido em vários capítulos, entre os quais, desde os primeiros, estão O Sobrado, onde é retratado um período em que o sobrado de Bibiana foi atacado por federalistas, nessa guerra, Bibiana já está muito velha e debilitada. Outro aspecto que chamou minha atenção, foi o final da maioria dos capítulos que continha pequenos relatos dos coadjuvantes dos capítulos que passaram ou os que vão vir, alguns nos ajudam a entender toda a grande árvore familiar do livro, tornando-se assim, uma espécie de ferramenta de compreensão do livro.

Outra coisa que também chama muito a atenção, é a quantidade de história que há no livro, digo história no sentido literal, quando se lê esse livro, você recebe uma carga muito alta de conhecimento sobre os primórdios do Rio Grande do Sul, o que coloca em evidência todo o trabalho do autor em construir uma história, criá-la e moldar a mesma em várias épocas históricas e entrelaçar no enredo muitos fatos históricos.

Faz parte da estrutura de qualquer resenha, no final, deixar a minha opinião, mas acho que não é necessário, porque é notável o quanto gostei e o quanto recomendo esse livro. Um livro que não é apenas um livro, é um conto, uma crônica, um livro de história que deveria ser obrigatório nas universidades, uma poesia, uma eterna poesia, mas quem é Erico Verissimo senão um eterno poeta?

Agora que li o livro, posso assistir o filme, estou decidindo se faço uma resenha do filme, uma comparação ou algo do tipo, talvez. Mas eu li apenas o primeiro dos sete dessa coleção, não pretendo terminá-la esse ano, mas conforme vou lendo, faço as resenhas.

Espero que tenham gostado post, que tenham se motivado a ler esse livro. Críticas e sugestões deixem nos comentários. Curtam a Page e sigam o Blog!

Até mais!




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