Oi, pessoal!
Como eu tinha dito anteriormente nos outros
posts, eu estou lendo o primeiro livro da coleção O Tempo e o Vento, de Erico
Veríssimo e tomei essa decisão porque logo vai sair um filme e para assistir o
filme eu quero ter lido o livro, como eu também tinha dito, ele é bem
grandinho, mas a leitura ta muito boa, enfim, disso eu falo quando eu acabar de
ler.
Acontece que eu cheguei ao capítulo “Ana Terra”,
que como o próprio nome diz, vai falar sobre a personagem Ana Terra, eu já
tinha lido antes essa parte do livro, porém separada, mas uma coisa me fez vir
aqui escrever esse post: Quem é Ana Terra? Ou melhor, quem Érico quis descrever
na personagem? Teria ele feito uma crítica através da personagem?
Só para situar quem nunca leu o livro, Ana Terra
é uma menina muito pobre, que mora no interior da cidade de Rio Pardo (digo
“interior” porque é um tanto distante da cidade),com sua família (Maneco Terra,
Henriqueta e irmãos), todos vivem de uma vida simples, dura, trabalhosa,
“ardida”.
Ana é uma personagem que recebe muitas
influências durante o livro: as histórias de vida de sua mãe, a conduta radical
cobrada pelo pai e o isolamento em relação aos irmãos.
Fazendo uma rasa análise do perfil psicológico da
personagem, Ana Terra é nova, é uma adolescente, mas não como as de hoje, é
lógico, mas preserva todo o seu desejo, toda a sua euforia da tenra idade que
são suprimidas pelas tarefas domésticas de “esquentar a água para o mate dos
homens”, lavar roupa, tratar galinhas. Ana é nova, é bela, sente desejos e
ainda em cima de tudo isso, está em guerra entre o seu ardor passional e a
postura séria e ríspida, conduta da cabeça baixa promovida por seu pai para
toda a família, em tese, guerreia em duas guerras: a dos seus sentimentos de
moça em relação ao sexo oposto (Pedro Missioneiro) e os seus sonhos de menina
inocente a serem suprimidos pelo ciclo da época.
Se hoje meninas que tem tudo, reclamam ao ouvir
uma queixa das mães, uma negação por parte do pai, por ambicionarem coisas
fúteis e desnecessárias, olhem Ana Terra, presa a uma rotina cotidiana repetitiva, inalterável, condenada à mesmice do seu ser, tem que ouvir sua mãe
contar as proezas vividas na distante, mas nunca esquecida Sorocaba, de dona
Henriqueta. Sente-se furtiva ao ouvir a mãe contar de pessoas caminhando, de
pessoas falando, comprando, coisa que Ana nunca virá no fim de mundo que mora,
mas nem por isso o seu submisso espírito revolta-se, revoltar? Nunca. Respeita,
sabe sua condição de mulher perante o pai e os irmãos, a única sensação de
revolta em seu corpo é se levantar no meio da noite e tomar um gole de água
morna que lhe desce pastosa na garganta, acompanhar os ventos, olhar a
imensidão do horizonte.
Seus momentos de felicidade ocorrem quando seu
irmão ia para Rio Pardo, de camioneta vender o que produziam no rancho e então
trazia algo de novo, para Ana nunca vinha um presente ou algo que a deixasse
feliz, se abastava em ouvir uma nova notícia, a única vez que ousou pedir algo,
um pequeno espelho, lhe foi negado sob alegação de que aquilo não era coisa de
mulher decente, palavra de Maneco Terra era lei. Isso a obrigava a ir se
espelhar na sanga e adivinhem, isso só ocorria quando ela ia lavar roupa.
Voltando a dar ênfase ao perfil de Ana, voltado à
parte psicológica, pusemo-nos no lugar dela. Quem leu o livro sabe do que eu
falo. Quem não sentiu angústia ao ler Ana descrevendo a sua morada? Sair e ver
somente uma imensidão, nenhuma movimentação e se houvesse alguma, era sinal de
perigo, como dizia a sua mãe “Isso não é vida”, medir as estações conforme os
ventos e o estado da vegetação, bem como as fases da lua.
Pobre Ana. Estou me tornando repetitivo nessa
resenha, pois repito muito a palavra “submissão”, mas não vejo melhor palavra
para definí-la.
Mas como toda jovem, encontrou o seu amor, sentiu
a chama da paixão acender-se em seu coração e em uma tentativa de fugir da
mesmice, procurou na morada de Pedro Missioneiro uma fenda que a deixasse fugir
da sua rotina repetitiva e do seu destino previsível.
Ana pagou caro ao encontrar o seu suposto grande
amor, vacilou em duas fases. A primeira foi em se negar ao amor, abominá-lo de
todas as formas, fugir dele. A segunda, em entregar-se de todo, sem medir
conseqüências. Esse foi o preço por ser inocente e por uma vez, apenas uma vez,
ceder aos sentimentos.
Poderia
escrever muito mais nessa longa resenha, teria outras mil linhas para escrever
sobre essa personagem maravilhosa do nosso escritor Érico Veríssimo, mas não
quero tornar essa resenha mais extensa.
AnaTerra era uma alma sonhadora, que acreditava
na bondade, na tranqüilidade, na amabilidade do ser. Era em si um ser de puro
sentimento, medo, dor , angústia, mas também prazer. Ana Terra é do Sul, é
brasileira, foi inspirada na nossa gente.
Nem preciso dizer que recomendo e que acho esse livro, bem como toda a coleção, uma leitura necessária.
Nem preciso dizer que recomendo e que acho esse livro, bem como toda a coleção, uma leitura necessária.
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