Pular para o conteúdo principal

Quanto custa o amor? Senhora, de José de Alencar.

     Quanto vale o amor? Quanto vale uma união matrimonial?


     São essas as perguntas que te farão refletir na leitura do livro Senhora, do autor brasileiro José de Alencar, é claro que eu não vou largar “spoiler”, nem vou entregar o enredo, mas é um livro que realmente te  faz refletir sobre o valor do amor e os valores humanos.


     Os personagens principais são Aurélia e Fernando, ambos, como em todos os livros do Romantismo, se amam e querem um ao outro, porém há um peso que os afasta, ou melhor, uma fortuna que os afasta e um passado doloroso, principalmente para Aurélia que a retém de se entregar ao seu verdadeiro amor.


     Muitas vezes no decorrer da leitura, o leitor vai se comparar a cenas idênticas, como as repetidas vezes que o casal discute, cada qual tentando justificar suas atitudes do passado e mesmo as do presente. O mais legal, é que essas brigas muitas vezes te fazem rir, pois realmente sai cada “alfinetada” de um para o outro.


     Novamente traçando o livro em um paralelo ao Romantismo, o livro é cheio, sim, é cheio de metáforas, metáforas essas que na maioria das vezes são referidas à mitologia grega e também é repleto de detalhes, tudo é muito detalhado, as posições, as composturas, o ambiente e as feições dos personagens. No meu ponto de vista, tanto detalhe, pelo menos nesse livro, não se tornou empecilho, apenas uma ferramenta a mais para imaginar o lugar onde se passa a história.


      O personagem que eu mais gostei foi Aurélia, gostei da sua bravura, da sua capacidade de suprimir os sentimentos em prol de dar uma lição em quem amava, da sua capacidade de enriquecer e saber reconhecer quem ao seu redor realmente  gostava dela por pessoa e não pelo seu dinheiro.


      De todos que eu li do José de Alencar, esse é o melhor sem dúvida nenhuma, bom, pelo menos até agora, ainda tenho muitos do José de Alencar para ler, mas esse é aquele que podemos dizer assim: SEN-SA-CIO-NAL.


      Não achei nenhum pouco complicado, se joguem na leitura, ele é grandinho, mas vale muito a pena!

      Bom, aí está a dica de um livro da nossa literatura.



      
      Créditos pela imagem: Literatortura 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Resenha: A Era do Capital, de Eric Hobsbawm

A era do capital é o segundo volume da aclamada trilogia do historiador britânico Eric Hobsbawm, tendo ainda o livro Era dos Extremos sobre o século XX. Não é o primeiro livro do Hobsbawm que leio, portanto, não se trata aqui de um primeiro contato. Uma característica que é notável em todos os livros que li e acredito que seja algo inerente à sua forma de narrar os fatos é o escopo. Hobsbawm consegue fazer com primazia aquilo que é totalmente pertencente à história e que é o dever de todo bom estudante de humanas: a capacidade de relacionar. O autor estabelece linhas diretas e verídicas entre fatos que acontecem na Europa e que ecoam no resto do mundo. Essa capacidade de escopo parece se tornar mais afiada a cada volume da trilogia, o que não quer dizer que em determinado livro ele se torna mais ou menos crítico. Tentando fugir um pouco dos elogios (que alguns teimam dizer em demasia) atribuídos a esse autor (com toda a razão, em minha opinião), ele ainda não “peca” em ideolog

Resenha: Era dos Extremos, O breve século XX 1917-1991, de Eric Hobsbawm.

Comecei essa leitura no início de Dezembro e entre recaídas  (o livro se torna pesado às vezes, e entusiasmos) terminei a obra com um bom entendimento. Nessa que foi uma das suas consagrações, Eric Hobsbawm nos apresenta o Breve Século XX, com a máxima histórica (e vantagem), de ser escrito por um indivíduo que viveu o mesmo. Eric Hobsbawm detalha os fatos mais importantes, personagens consagrados, teorias econômicas e políticas divergentes de uma forma escopa, com riqueza de análise e profundidade nas suas teorias. Os fatos são analisados a partir da Revolução Bolchevique de 1917 e se encerra com o fim da União Soviética, em 1991. As análises dos fatos são feitas em várias frentes, são analisados não somente de forma política, mas também econômica e os impactos produzidos na sociedade, dando a obra todos os conceitos fundamentais da história. Muitas análises são requintadas por notas de rodapé do próprio autor nos contando da sua vida pessoal no determinado momento em

O Idiota (romance em quatro partes), de Fiódor Dostoiévski TERCEIRA PARTE

 "Quem festim é esse, que grande e sempiterna festa é essa que não tem fim e que há muito o vem arrastando, sempre, desde a infância, e à qual ele não encontra meio de juntar-se. Toda manhã nasce o mesmo sol claro; toda manhã há arco-íris na cachoeira; toda tarde a montanha nevada, a mais alta de lá, ao longe, nos confins do céu, arde em uma chama purpúrea (...). E tudo tem o seu caminho, só ele não sabe de nada, não compreende nada, nem as pessoas, nem os sons, é estranho a tudo e é um aborto. Oh, ele, é claro, não pôde falar naquele momento com essas palavras e externar a sua pergunta, atormentava-se de forma surda e muda; mas agora lhe parecia que dissera tudo isso e naquela ocasião (...). Ele estava certo disso e, sabe-se lá, seu coração batia movido por esse pensamento..."                                                Dostoiévski aponta uma lembrança do príncipe Michkím do tempo em que estava se tratando na Suíça. A lembrança foi provocada pela leitura do desconcer