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Resenha: O crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós.

“Aí tem o abade uma educação dominada inteiramente pelo absurdo: resistência as mais justas solicitações da natureza, e resistência aos mais elevados movimentos da razão. Preparar um padre é criar um monstro que há-de passar a sua desgraçada existência numa batalha desesperada contra os dois fatos irreversíveis do universo – a força da Matéria e a força da Razão”                                                                                                        Personagem Dr Gouveia sobre o os padres. Nada mais desafiador do que proibir. E o que se mostra mais desafiador ainda em O Crime do Padre Amaro, é ter um meio cheio de proibições e falsas idealizações, que acabam se tornando o terreno de muitos desejos. Se t...

Meio Crônica: A Miséria das Relações.

Recentemente estava conversando com uma amiga sobre literatura. Decidi então contar a ela o que eu senti ao ler os livros do Realismo e o sentimento foi algo que ela confirmou: nada é verdadeiro, tudo é de mentira. Essa é a sensação que se tem quando se lê livros do Realismo que honrem com a escola literária: desolação, uma sensação de que nenhuma relação social é verdadeira, ela é fruto de um interesse. A tese machadiana das duas almas ainda reforça a falsidade das pessoas. Além de você não confiar nas pessoas, você passa a encará-las como um lado, como se fossem um Janos, da mitologia romana. A cereja do bolo fica por conta do Naturalismo que nos coloca sobre um entendimento determinista e demonstra a teoria muito bem embasada de que na realidade nós somos animais, porém nos comportamos por um período de tempo mais longo do que aqueles que são selvagens. É desconstruir rapidamente um entendimento que estava impregnado de romantismo do Romantismo. Apenas um livro do Rom...

Resenha: A Era do Capital, de Eric Hobsbawm

A era do capital é o segundo volume da aclamada trilogia do historiador britânico Eric Hobsbawm, tendo ainda o livro Era dos Extremos sobre o século XX. Não é o primeiro livro do Hobsbawm que leio, portanto, não se trata aqui de um primeiro contato. Uma característica que é notável em todos os livros que li e acredito que seja algo inerente à sua forma de narrar os fatos é o escopo. Hobsbawm consegue fazer com primazia aquilo que é totalmente pertencente à história e que é o dever de todo bom estudante de humanas: a capacidade de relacionar. O autor estabelece linhas diretas e verídicas entre fatos que acontecem na Europa e que ecoam no resto do mundo. Essa capacidade de escopo parece se tornar mais afiada a cada volume da trilogia, o que não quer dizer que em determinado livro ele se torna mais ou menos crítico. Tentando fugir um pouco dos elogios (que alguns teimam dizer em demasia) atribuídos a esse autor (com toda a razão, em minha opinião), ele ainda não “peca” em ideolog...

Quem é Madame Bovary?

O livro Madame Bovary foi publicado na França no ano de 1856. Em meio a uma sociedade altamente tradicional e aristocrática (mas já com uma longa experiência revolucionária), causou indignação pela análise profunda e verídica dos sentimentos humanos feita pelo seu autor, Gustave Flaubert. Um fato curioso sobre a obra é que Gustave Flaubert foi a julgamento por crime contra a moral. Durante a apuração do caso, o advogado da acusação lhe perguntou “Mas Sr. Flaubert, quem é Madame Bovary?” e todos pasmaram diante da resposta “Eu sou Madame Bovary”. A verdade é que todos nós somos Bovarys. Em primeiro lugar, somo como Madame Bovary na aparência, não necessariamente calmos, mas possuímos uma aparência responsável pela nossa imagem sociável e também, como Bovary, possuímos os nossos desejos, os mesmo “torpes” (as aspas fazem respeito a moral e aos bons costumes) e insaciáveis. Bovary era acima de tudo humana. Uma mulher do campo, cheia de desejos e conceitos idealizados. Seu son...

Resenha: O Mulato, de Aluísio Azevedo

O Mulato é o segundo livro que eu leio do Aluísio Azevedo. Quem acompanha o Blog sabe que eu já li O Cortiço e quem leu a resenha deve saber também o quanto eu gostei daquele livro. Eu gostei de O Cortiço por completo, já em O Mulato não aconteceu o mesmo. Digamos que eu gostei do livro O Mulato em partes, ou seja, diferentemente de O Cortiço, ele não é uma narrativa que vai ser leve e que vai deixar tudo ali. Foi o romance que inaugurou o Naturalismo no Brasil, mas é extremamente notável o quanto a narrativa ainda está presa no modo de descrição romântico. Vai ter determinados capítulos que vão cansar o leitor, porque o autor faz uso daquela análise minuciosa do ambiente. Essa narrativa vai oscilar bastante: em um dado momento ele vai usar uma descrição apurada e em outras uma mais superficial. Outra coisa que eu notei também, é que a intensidade e a minuciosidade dessa narrativa vão depender totalmente do fato que está sendo narrado. Se eu tivesse começado a ler esse autor po...

Resenha: O Cortiço, de Aluísio Azevedo.

Esse foi o meu primeiro contato com a obra de Aluísio Azevedo, autor naturalista brasileiro. Antes de mais nada, é preciso esclarecer o quanto a obra de Aluísio de Azevedo foi importante para a construção da imagem do Brasil e da sociedade, em especial, O Cortiço. Ele foi um autor que sempre criticou muito os valores tradicionais, naquela época representados pelo clero. Dentre todas as suas obras, O Cortiço se destacou por uma guinada em favor do "povão" na literatura e tanto esse quando O Mulato, foram muito bem recebidos pela crítica. É importante também ressaltar, que ele foi um autor que pertencia ao estilo naturalista, que veio a confirmar a narrativa realista (que ainda se concentrava na corte), mas que sempre tinha as suas "recaídas" românticas, ou seja, escrevia ao modo naturalista, mas intercalava algumas obras no estilo romântico. Acho que chega de falar da nobreza e da corte. Está na hora de narrar um pouco a vida do povão. Antes de mais nada...

Resenha: Inferno, de Dan Brown

Esse é o primeiro livro que eu leio do Dan Brown. Eu já assisti O Código Da Vinci e Anjos e Demônios, os filmes são sim bons, eu gosto pelo menos, acho que tem um roteiro que te instiga a tudo mais. Mas até agora eu não sabia nada sobre a escrita do Dan Brown: eis a oportunidade, começar pelo Inferno. Antes de mais nada, quero deixar aqui bem claro o quanto eu gostei da temática. A temática em sí já era um indício do sucesso do livro. Todo mundo gosta d'A Divina Comédia e a obra em sí sempre levanta muitas discussões. O mais legal é que ele pegou essa temática da literatura medieval com o seu Teocentrismo, cultura e tudo mais e ligou a um tema bem presente no mundo atual, o uso da ciência. Enfim, sobre o tema não há o que criticar, bem escolhido. A capa do livro é muito bonita, tem aquele perfil do Dante Alighieri e a cidade de Florença como pano de fundo, o material do livro é de qualidade. O livro vai começar com o professor Robert Langdom (ah vá) totalmente perdido em um hos...