![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy4c1Sw40sTqJHrCEtBu44SYS_vgQzM0ImCMVViprMfqwK1gY_NZaWyR_06FDx_0eCJJlCDiPIuUly3V_zf9K4ehUvKiDbn6bPmq84I94Ksw8Tf9fgCx4Y-59AC_WsinMaQsqrZOclpGuA/s1600/meio+cronica%231.jpg)
Estou terminando o livro Feliz Ano velho, de Marcelo Rubens
Paiva, que aliás, pretendo resenhar aqui. Além da escrita, esse cara é também,
muito sensacional. Naquilo que é a sua pequena biografia, o cara usa uma
escrita leve e desprendida das normas cultas da língua (pra que normal,
afinal?), dando um certo tom de subjetivismo. Mas o que é realmente sensacional
é como ele retrata a sua juventude e isso é realmente sensacional. Eles também
eram desprendidos de neuras e dos malditos, sim, malditos moralismos sociais e
religiosos. No livro, a juventude era aventureira e eu acredito que o era (era, no
passado). É entusiasmante, essa é a palavra que define o que se sente quando o
cara conta como namorava, se relacionava, como brincavam entre si.
Mas hoje tudo mudou. Estamos alimentando um mercado cada vez
mais crescente, o do medo e da insegurança. E quem impõe esses fatores? A
sociedade. Sim, essa bela pregadora de peças que adora arrematar ovelhas para o
seu infeliz, mas comportado rebanho. Aos espertos um conselho, fuja do pastor,
a vida longe dele não é tão difícil e aos tombos, ha esses devemos nos acostumar.
Não há liberdade para ser quem somos, para lutar pelo que
acreditamos e ainda somos fadados a posar com boa postura, a aguentar uma grande
pressão moral e sorrir achando tudo isso normal. Já dizia Vitor Hugo sobre as
boas e comportadas caras: “Os segredos estão no íntimo.”.
Sexo então, cheio de perigos e problemas que repugnam a boa
moral (palavra tão presente que já apareceu vinte vezes no texto). Se
relacionar diferente? Jamais, isso suscitaria uma desordem. E porque não
desordenar um pouco, vai que a gente gosta e se acostuma. O “caos” talvez não
seja ruim.
Espero que um dia todos se libertem dos grilhões da tradição
e do costume, esses dois inibidores de bons momentos e felicidade. Que todos se
assumam como são e como se não bastassem, sejam todos felizes. Mas essa missão
é para os corajosos, que talvez não estejam na nossa geração. Deixem para os
nossos filhos, uma vez que nós medrosos formaremos familiazinhas comportadas.
Quando a verdadeira liberdade entrar em cena e a tolerância
se impor, tchau para a sociedade, essa tão sólida utopia estará bem longe.
Comentários
Postar um comentário