
Tudo vai começar em uma típica discussão burguesa do final do século XIX. Quatro, ou melhor, cinco cavalheiros discutiam os rumos da ciência e as características e formas da metafísica. porém, um deles, Jacobina não discutia, se detinha a leves confirmações com a cabeça.
Só para esclarecer, Jacobina aqui no conto é um homem e sabe-se lá porque que ele se chamava com o feminino dos revolucionários franceses. E discussão no sentido de debate, eles não estavam saindo no braço.
Em dado momento da discussão, os amigos na roda, questionam Jacobina sobre a natureza da alma. Jacobina responde que não há apenas uma, mas duas. Aí é o ponto de partida: daí pra frente Jacobina assume o debate com a sua narração de um fato do seu passado, quando havia sido nomeado alferes e foi muito apreciado pela família e amigos. Toda essa descrição de um fato do passado de Jacobina se empenha em justificar a existência dessas duas almas e vou dizer pra vocês, os argumentos são fortes.
Sem entregar os rumos do conto, ele vai explicar que existem dois tipos de almas, uma exterior que serve à sociedade e as suas necessidades e outra subjetiva, pertencente aos desejos do sujeito. Para exemplificar melhor, era como no conto de Um Homem Célebre, onde havia um conflito de dois campo, o do desejo (subjetivo) e o da necessidade frente à sociedade (exterior).
É trabalhando em cima dessa tese das duas almas que Machado vai alavancar a personalidade dos seus personagens nos romances, onde cada um tem uma pose frente a determinado fato ou acontecimento que não corresponde à sua interioridade. É o caso da personagem Sofia (Quincas Borba), que se altera entre o status de casada e integrante do círculo social (alma exterior) e os falsos desejos (visando o dinheiro) por Rubião (alma interior).
Enfim, vocês tem que ler o conto para entender. Novamente o autor vai trazer um conto com unidade, pequeno, mas com uma gama de reflexões altamente implícitas. E não, eu não estou criando fatos, primeiramente achei que fosse coisa da minha imaginação (tanta coisa implícita), mas fui conferir na introdução e é mesmo, o autor encheu as poucas páginas de uma análise profunda sobre as vontades (nesse conto). Da necessidade de ter uma pose perante os outros.
Em poucas palavras, Jacobina vai perder a fonte que alimentava a sua alma exterior que por sua vez mantinha as vontades e prazeres da interior. Cessada a fonte, ele vai achar outro meio de satisfazer as suas vontades e isso vai envolver um espelho.
Enfim, esse foi o 3/12, espero que vocês estejam ficando curiosos ou ao menos que tenham vontade de ler, uma vez que são narrativas pequenas, mas com alto significado.
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